Aos 16 anos tornou-se praça na Infantaria de Setúbal, mas em 1783 alistou-se na Academia Real da Marinha. Em Lisboa, participou na vida boémia e literária e começou a ganhar fama devido à sua veia de poeta satírico. Em 1786 embarcou para a Índia, chegando a ser promovido a tenente; em 1789 aventurou-se a ir a Macau e logo no ano seguinte regressou a Portugal, para Lisboa, onde encontrou a sua amada Gestrudes (Gestúria, em poesia), que era casada com o seu irmão. Infeliz no amor, sem carreira e com dificuldades financeiras, dedicou-se à poesia e em 1791 publica o seu primeiro livro de Rimas.
Aderiu então à Nova Arcádia (Academia de Belas Letras) mas, no entanto, pela sua instabilidade e irreverência, não se adaptou e abriu conflitos com os seus confrades, sendo expulso em 1794.
Três anos depois foi acusado de "herético perigoso e dissoluto de costumes" e, como era conhecida a sua simpatia pela Revolução Francesa, foi preso e condenado pela Inquisição. Quando saiu da reclusão viu-se obrigado a viver da escrita, sobretudo de traduções. Apesar de ter recebido o auxílio de alguns amigos, acabaria por morrer doente e na miséria.
Bocage tem como principais temas o ciúme, a noite, a morte, o egotismo, a liberdade e o amor (muitas vezes manifestado de uma forma erótica). Apesar de a sua poesia ser contraditória, irregular, e de os seus versos revelarem concessões artisticamente duvidosas, Bocage é considerado um dos maiores sonetistas portugueses.
As obras de Bocage encontram-se editadas actualmente nas antologias: Opera Omnia, Poesias (dedicada aos seus poemas eróticos) e Poesias de Bocage.
A 15 de Setembro, data de nascimento do poeta, é feriado municipal em Setúbal.
Em 2006 a história de Bocage foi adaptada para a televisão numa mini-série produzida pela RTP.
Aqui está um soneto de Bocage, o seu Auto-retrato:
Auto-Retrato
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno:
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno:
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só momento,
E somente no altar amando os frades:
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mais pachorrento.
Bocage
Este é um video da mini-série realizada sobre a vida do poeta:
Fontes:
wikipédia
diciopédia
Marta
A Turma D está de parabéns!!
ResponderEliminarA iniciativa de ter um blogue de turma é meritória e devem continuar...
Gostei do que vi e, do que li.
Ilda Lopes
É uma das nossas mais marcantes personalidades, de facto. É bom lembrá-lo e também lembrar a sua escrita. Aliás, parece-me que está a ser um "parente pobre" do nosso blogue: a literatura; a poesia. Mas percebe-se: são áreas mais habitualmente secundarizadas nos programas de História. Percebe-se porquê, mas...
ResponderEliminarE que tal mais poesia? FM
Já agora: o escritor que abre o "trailer" - o Francisco José Viegas - um homem da televisão-rádio-comunicação tem um dos mais emblemáticos blogues da nossa blogosfera: "A origem das Espécies". Querem espreitar? Se gostarem podemos acrescentá-lo aos nossos favoritos! Já agora, no terreno dos livros, espreitem tb o do poeta, tradutor, etc. José Màrio Silva, o "Bibliotecário de Babel". Idem!
ResponderEliminarFM