- As dificuldades Económicas dos Anos 30 -
1 –As principais alterações do código social e moral no pós-guerra.
A guerra provocou importantes transformações no quotidiano, na maneira de pensar e sentir da sociedade. O medo, as dificuldades, os horrores da morte e os desgostos vividos durante o conflito mundial cederam lugar a um período de grande euforia. A população procurava avidamente viver cada momento com uma alegria e entusiasmo muitas vezes excessivos, de tal forma que este período ficou conhecido como os “Loucos Anos Vinte”. As modificações destes novos tempos incidiram, principalmente, nos hábitos sociais. A procura de divertimentos generalizou-se nas grandes cidades. A vida nocturna ganhou importância, aumentando o número de cafés, restaurantes e locais de convívio público, onde o consumo de álcool era muitas vezes exagerado. Na Europa e na América os cabarés animaram-se com um novo estilo de música – o Jazz – e com novos passos de dança – o charleston, o foxtrot e o tango. Embora rapidamente difundidas, estas alterações comportamentais foram condenadas por uma grande parte da sociedade, que as achava escandalosas e lutava por manter os valores morais tradicionais.
2 – A condição feminina.
Uma das mais significativas transformações do pós-guerra esteve relacionada com a condição da mulher. Chamada ao trabalho durante a guerra e colocada em postos de trabalho até aí ocupados pelo homem, ela passou a assumir, no seio da família, uma função de chefia. Ao tomar consciência da importância do seu papel na sociedade, passou a lutar pelo direito à igualdade política, económica e social, intensificando o processo de emancipação, desde há anos exigido pelo movimento feminista. Nos anos 20, esse direito começou finalmente a ser reconhecido.
3 – Quais os principais mass media.
Os principais veículos de difusão da nova cultura de massas foram a imprensa, a rádio e o cinema:
· Os jornais multiplicaram-se extraordinariamente, quer em número de títulos, quer na quantidade de tiragens;
· As revistas ilustradas, como as de banda desenhada, foram rapidamente aceites por crianças jovens e adultos, tornando-se uma das formas de imprensa de maior sucesso;
· O livro popularizou-se com novos géneros literários como o policial, o de aventuras e o chamado “cor-de-rosa”, este último muito do agrado do público feminino.
· A rádio tornou-se, a partir de meados desta década, o meio privilegiado para a difusão de notícias, informações e publicidade, bem como dos mais recentes tipos de música. Também o teatro radiofónico fez a delícia de muitos ouvintes.
· Mas foi, sem dúvida, o cinema que, aliando o som e a imagem, alcançou o maior sucesso. Considerado uma autêntica “fábrica de ilusões”, tornou-se um espectáculo de massas e originou uma poderosa indústria, de que Hollywood se veio a tornar a capital.
4 – Cultura de massas e cultura de elite.
Cultura de elite é a cultura que está exclusivamente orientada para uma minoria da população (elite); Cultura de massas é uma cultura que já está acessível a um grande número de pessoas, proporcionando divertimento, prazer e fantasia. Para isso contribuíram o desenvolvimento dos transportes e telecomunicações, a expansão das classes médias, mais instruídas e gozando de mais tempo livre e a maior participação dos cidadãos nas actividades políticas, sociais e sindicais.
5 – Identificação as razões da crise de 29.
Na segunda metade da década de 20, algumas indústrias – como a metalúrgica, de automóveis e de construção civil – começaram dar sinais de crise. Para esse facto contribuíram a diminuição das exportações (a Europa recuperara de guerra) e a saturação do mercado interno. Entrou-se, assim, numa crise de superprodução (maior a oferta que a procura). Esta situação atingiu também os produtos agrícolas, onde os adubos químicos e a mecanização tinham provocado o aumento da produtividade. Não conseguindo vender os excedentes, muitas empresas diminuíram a produção, baixaram os preços dos produtos e reduziram os salários dos seus trabalhadores – a economia entrou num período de deflação.
6 – Explicação do significado de crise de superprodução.
Superprodução significa que é maior a oferta que a procura, ou seja, aquilo que é produzido é demasiado para toda a população. Como não conseguem vender os seus produtos, as empresas diminuem a produção, acumulam stocks, baixam os preços dos produtos e reduzem os salários dos seus trabalhadores – isto leva a economia a entrar num período de deflação.
7 – Explicação do sucedido em 24 de Outubro de 1929.
Em 1929, alguns investidores, prevendo uma crise, procuraram vender as acções que possuíam antes que o seu valor baixasse. Depressa o pânico se generalizou. A partir de Outubro desse ano, acelerou-se a corrida à bolsa, mas os compradores escassearam. No dia 24 de Outubro, a “quinta-feira negra”, 13 milhões de acções foram postas à venda abaixo do valor real. A grande maioria delas ficou por vender. O crash (quebra) da Bolsa de Nova Iorque provocou uma crise que alastrou a toda a economia. Os accionistas, muitos dos quais tinham recorrido a empréstimos na Banca para poder investir na Bolsa, ficaram arruinados e deixaram de poder pagar as suas dívidas aos bancos; outros levantaram os seus fundos (dinheiro depositado). Sem capital suficiente, os bancos reduziram os empréstimos e muitos abriram falência. A falta de apoio bancário agravou as dificuldades financeiras das empresas, provocando o encerramento de muitas delas.
8 – As razões da expansão da crise de 29 ao resto do mundo são as seguintes
A importância dos EUA na economia mundial levou a que o crash da bolsa de Nova Iorque, em 1929, se reflectisse nos outros continentes, em especial nos países capitalistas como a França, a Inglaterra e a Alemanha, mas também nos países subdesenvolvidos. Os factores que contribuíram para esta situação foram:
· A retirada dos capitais americanos do exterior – sem os capitais americanos com que a Europa contou durante e após a 1ª Guerra Mundial, o velho continente ficou com menor suporte financeiro, o que se traduziu na menor capacidade de empréstimo dos bancos e, consequentemente, na baixa da produção ou falência das empresas que contavam com esses empréstimos.
· A retracção do comércio – a crise levou os países a protegerem a produção nacional, proibindo ou dificultando as importações. Desta forma, o comércio externo baixou consideravelmente, afectando os países industrializados, que se viram impedidos de exportar os produtos; afectou igualmente as colónias e os países subdesenvolvidos, sem possibilidade de exportação das suas matérias-primas e produtos agrícolas (o Brasil teve que utilizar o café como combustível nas locomotivas).
E assim a crise económica alastrou a outros continentes. A URSS, fechada ao mundo ocidental, fiel à economia socialista, foi um dos poucos países não afectados pela Grande Depressão, como ficou conhecida esta crise económica que se prolongou até meados da década de 30.
9 – Estes são os problemas sociais decorrentes da crise de 29.
Como consequência da crise económica, surgiu uma dramática situação social, bem evidente no número de desempregados. Muitas dessas pessoas passaram a habitar em barracas e a viver da mendicidade. A revolta perante a miséria e as condições de vida provocaram a vagabundagem, o ódio, o suicídio, o crime e as tensões sociais em geral. Os mais duramente atingidos foram os operários (proletários), que se encontraram subitamente no desemprego, sem direito a qualquer indemnização ou subsídio, e os agricultores, impossibilitados de vender os seus produtos. A classe média enfrentou igualmente sérias dificuldades, com a diminuição dos seus rendimentos. Muitas destas pessoas em dificuldades ofereciam a força do seu trabalho por qualquer preço acentuando-se assim a proletarização da sociedade.
10 – As medidas levadas a cabo por Roosevelt para solucionar a crise foram :
Para vencer a crise, os governos liberais recorreram a uma maior intervenção do estado na economia, tomando medidas de carácter proteccionista, de modo a defender a sua produção da concorrência estrangeira. Nos EUA, o presidente da república, Franklin Roosevelt pôs em prática o seu programa de intervenção do Estado na economia, o New Deal (nova distribuição), baseado na teoria da John Keynes. Partindo do princípio de que a crise ficou a dever-se a um desequilíbrio entre a produção e o consumo, o New Deal englobou um conjunto de reformas tendo em vista aumentar o poder de compra da população. Para atingir esse objectivo, impunha-se baixar a taxa de desemprego, com a criação de novos postos de trabalho. Aumentando o poder de compra, aumentaria o consumo, o que conduziria ao desenvolvimento da economia. Foram então tomadas medidas para relançar o consumo.
11 – As medidas específicas levadas a cabo para concretizar o New Deal foram:
· Na agricultura, para resolver o problema de excesso de produção, o governo indemnizou os
agricultores que reduziram as suas áreas de cultivo; simultaneamente, concedeu-lhes créditos agrícolas para pagamento de dívidas já contraídas.
· Na indústria, limitou a livre concorrência, impondo a fixação de preços mínimos; limitou, igualmente os níveis de produção.
· No domínio financeiro, foi criada legislação para controlar a actividade da Bolsa e do Sector Bancário.
· Para combater o desemprego, lançou-se um programa de grandes obras públicas, envolvendo a construção de barragens, estradas e pontes.
· No domínio social, foi regulamentada a actividade laboral (salário mínimo, 40 horas de trabalho semanal, etc.) e a segurança social (subsídio de desemprego, de doença, de velhice e de invalidez).
E assim, de 1933 a 1937, o New Deal conseguiu relançar o consumo, diminuir o desemprego, subir os preços, aumentar a produção, regulamentar a actividade laboral e a segurança social nos EUA.
Manel
não estou a criticar de modo algum o teu trabalho mas penso que o professor tinha sugerido para que encurtássemos o texto para que se tornasse mais "atraente" :)
ResponderEliminarCarolina