"Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!" Salgueiro Maia, Madrugada de 25 de Abril de ‘74, parada da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém.
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Fernando José Salgueiro Maia nasceu em Castelo de Vide a 1 de Julho de 1944 e morreu em Santarém em 1992 vítima de uma doença cancerígena, fez carreira como militar, e dos “capitães de Abril” é o mais destacado por ter cercado o Terreiro do Paço e obrigado Marcello Caetano a render-se. Salgueiro Maia, tornou-se conhecido porque, foi um dos distintos militares do Exército Português que liderou as forças revolucionárias durante a Revolução dos Cravos, que marcou o final da ditadura.
Filho de Francisco da Luz Maia, ferroviário, e de Francisca Silvéria Salgueiro. Só concluiu os estudos, mais tarde e já depois da revolução, tirou uma licenciatura em Ciências Políticas e Sociais, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
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Em Outubro de 1964, ingressa na Academia Militar, em Lisboa e, dois anos depois, apresenta-se na Escola Prática de Cavalaria de Santarém, para frequentar o tirocínio. Em 1968 é integrado na 9ª Companhia de Comandos, e parte para o Norte de Moçambique, para a Guerra Colonial, e embora só dois anos mais tarde, em 1970, esta participação valeu-lhe a promoção a Capitão. Em Julho do ano seguinte, embarca para a Guiné, regressando a Portugal em 1973, e volta a ser colocado na Escola Pratica de Cavalaria de Santarém. Nesta altura começam as conversações clandestinas do MFA no qual Maia integra a Comissão Coordenadora. Assim na madrugada de 25 de Abril de 1974, dirigiu as tropas revolucionárias de Santarém até Lisboa. Tomou o Terreiro do Paço e o quartel da Guarda Nacional Republicana, no Carmo, onde estava refugiado o chefe do Governo, Marcello Caetano, que se lhe rendeu.
Os dois momentos de maior tensão foram protagonizados e resolvidos pelo próprio Salgueiro Maia: o primeiro foi o encontro com um destacamento de blindados, até então obediente ao Governo, resolvido quando estas tropas tomaram posição ao lado dos revoltosos; o outro ocorreu quando o capitão mandou abrir fogo sobre a parede exterior do quartel da GNR. Posteriormente recusou todas as honrarias que o regime democrático lhe quis atribuir.
Tive o grato prazer de conhecer e lidar com o "sempre" Cap. Salgueiro Maia, na Escola Prática de Cavalaria, em 1974, e no 1º semestre de 1975. Rigoroso,sim, mas uma pessoa com uma visão social incomparável e muito sentido humano, e sobretudo nada dado a "holofotes da imprensa"; até na vida quotidiana dava grandes exemplos, de saber estar.
ResponderEliminarTem sido a sua pessoa (quanto a mim) menos correctamente tratada desde o seu prematuro (mas infelizmente esperado) falecimento.
"mens agitat molem", e até um dia..."Cap. Maia".
Um Homem com H grande que esteve ao serviço da democracia e do povo não como os políticos que se servem do povo!
ResponderEliminarPara mim será sempre o grande Capitão do 25 de Abril