quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A poesia da Grécia Antiga...


Atena Parthenos
Fídias, 438 a.c.


Caramba! Mexendo nas etiquetas cá do blogue dou, para a poesia, com apenas seis poemas! É pouco!

Há que "dar corda aos sapatos" e recuperar algum tempo "perdido".

Agora que estamos na Grécia Clássica, vem a propósito deixar-vos mais alguns, para serem saboreados como o mel: gota a gota, molécula a molécula, num festim saltitante de partículas...

A tradução é de Albano Martins, e retiro-os da Antologia que publicou e anotou em Outubro de 2002 (Edições Asa): do mundo grego outro sol.


1.
Os rapazes não sofrem tanto como nós,
as fracas raparigas.
Eles têm amigos da mesma idade, aos quais confiam sem receio
as suas dores e penas.
Entregam-se a jogos consoladores e vagueiam pelas ruas
fantasiando sobre as formas representadas nas pinturas.
A nós não nos é permitido sequer ver a luz do sol. Encerradas
em casa, consumimo-nos em sombrios pensamentos.

Agátias, o Escolástico (536-582 ou 594 d.c.)

2.
Sem recear ninguém e sem, por outro lado, te expores
a uma recusa, Europa, a ateniense, é tua por uma dracma.
Ela fornece, além disso, uma cama irrecusável e, no inverno,
carvão. Meu caro Zeus, não valia apena
teres-te transformado em touro.

Antípatro de Tessalonica (séc. I a.c.-I d.c.)

3.
Um salmonete grelhado na brasa e um peixinho pescado no porto,
eis o que, Ártemis, te ofereço como presente, eu, o pescador Ménis,
depois de ter enchido de vinho puro esta taça e ter partido
este naco de pão seco. É uma pobre oferenda, mas, em troca,
faz com que as minhas redes venham sempre carregadas de peixe.
Porque tu, ó ditosa, és a senhora de todas as redes.

Apolónidas (séc. I a.c.)

4.
Ao tecer um dia uma coroa,
encontrei Eros entre as rosas.
Segurando-o pelas asas,
mergulhei-o no vinho.
Peguei na taça e bebi-o.
E agora, por todo o corpo,
faz-me cócegas com as asas.

Juliano, antigo prefeito (séc. VI d.c.)


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